Uma roda de amigos, no bar, à noite, num bairro qualquer.
Leiliane: A sociedade é hipócrita. O ser humano é hipócrita.
Conrado: Todos são normais por fora, mas são bizarros por dentro.
Paula: Eu sou bem resolvida, não preciso me esconder de ninguém. Tenho minha vida simples de estudante universitária e trabalhadora. Procuro apenas um companheiro. Não quero me casar. Tem quem me cobra arranjar um namorado.
Felipe: Meu negócio é mulher. Não tenho vontade de me casar, só quero curtir. A sociedade que se dane.
E no brinde com cerveja, quatro mãos se juntam num só desejo.
- Fora hipocrisia! Viva à liberdade!
O relógio tocou. Era hora de irem embora.
Leiliane se despediu dos amigos. Encontrou pelo caminho uma loira sensual, com cara de fútil. Olhou-a com ódio por ser daquela forma, tão desprezível, por ser tão ela mesma. Andou mais alguns quarteirões. Olhou para os lados. Abriu seu sobretudo. Formou-se uma fêmea com pouca roupa e muitos desejos. Logo um rapaz se aproximou. Deu em cima dele. Foram para um galpão abandonado. Fizeram amor ali mesmo.
Conrado saiu do bar a passos lentos. Não queria ir para casa. Resolveu pegar um ônibus, sem rumo. Desceu numa avenida distante. Olhou se alguém suspeito o veria. Ninguém à vista. Sentiu-se livre. Tirou a camisa pólo. E num misto de desejo e irritação, começou a lamber as portas esteiradas dos estabelecimentos fechados.
Paula ainda tomou mais uma cerveja. Quando saiu, sentiu seu corpo solto como se tivessem jogado óleo lubrificante nas suas articulações. Começou a correr pela rua, gritando altos palavrões contra a sua rotina. Chegou até um cruzamento vazio. Sentou no meio. Olhou para os quatro cantos. Não sabia para onde ir. Ou ia para a casa de Thiago, transar com ele como prometido, ou para a casa de Alessandra, transar com ela conforme prometido. Ou para a casa de Juliano, formalizar o seu namoro, ou para casa de Luciano, seu ficante-amigo-companheiro de todas horas, jogar videogame.
Felipe foi a último a sair. Andou calmante até seu carro. Pensou em ir para casa mas pensou em assediar algumas garotas na rua. Apenas mexer, porque seu negócio eram garotos, jovens, cheios de estilo e músculos. Foi encontrar Cacá em sua casa, vestido com a bermuda jeans, a camiseta de gola em V e um tênis de skate branco velho que tanto o excitava. Sua língua começou por ele. Logo, já estavam brincando de marido e mulher.
A noite passou. Leiliane se vestiu e voltou para casa. Conrado foi lavar a boca com sabão. Paula foi na casa de Luciano jogar videogame e Felipe acordou abraçado com um pé do tênis de Cacá.
O relógio tocou. Vestiram-se com suas normalidades. Foram para sua rotina. A sensação de culpa foi junta. O tempo escasso para refletir deixou-a guardada para depois.
E à noite, no mesmo bar, os amigos se reencontraram.
Leiliane: Vi uma biscate no caminho de casa! Vagabunda! Como mulher se presta à um papel daquele?
Conrado: Tenho medo desse povo doido que a gente encontra à noite.
Paula: Sou uma pessoa bem resolvida, e madura.
Felipe: Ontem peguei duas mulheres. Até acordei abraçado com um dos saltos dela. Eu não sou como esse povo moderninho que acha legal pegar homem e mulher. Eu sou macho.
E todos riram, felizes, pois a balança estava equilibrada entre a moral da sociedade e o imoral dos seus sentimentos.
- Abaixo a hipocrisia!
Com as portas trancadas para o outro lado, é fácil dizer.
Até o dia em que:
Leiliane: A sociedade é hipócrita. O ser humano é hipócrita.
Conrado: Todos são normais por fora, mas são bizarros por dentro.
Paula: Eu sou bem resolvida, não preciso me esconder de ninguém. Tenho minha vida simples de estudante universitária e trabalhadora. Procuro apenas um companheiro. Não quero me casar. Tem quem me cobra arranjar um namorado.
Felipe: Meu negócio é mulher. Não tenho vontade de me casar, só quero curtir. A sociedade que se dane.
E no brinde com cerveja, quatro mãos se juntam num só desejo.
- Fora hipocrisia! Viva à liberdade!
O relógio tocou. Era hora de irem embora.
Leiliane se despediu dos amigos. Encontrou pelo caminho uma loira sensual, com cara de fútil. Olhou-a com ódio por ser daquela forma, tão desprezível, por ser tão ela mesma. Andou mais alguns quarteirões. Olhou para os lados. Abriu seu sobretudo. Formou-se uma fêmea com pouca roupa e muitos desejos. Logo um rapaz se aproximou. Deu em cima dele. Foram para um galpão abandonado. Fizeram amor ali mesmo.
Conrado saiu do bar a passos lentos. Não queria ir para casa. Resolveu pegar um ônibus, sem rumo. Desceu numa avenida distante. Olhou se alguém suspeito o veria. Ninguém à vista. Sentiu-se livre. Tirou a camisa pólo. E num misto de desejo e irritação, começou a lamber as portas esteiradas dos estabelecimentos fechados.
Paula ainda tomou mais uma cerveja. Quando saiu, sentiu seu corpo solto como se tivessem jogado óleo lubrificante nas suas articulações. Começou a correr pela rua, gritando altos palavrões contra a sua rotina. Chegou até um cruzamento vazio. Sentou no meio. Olhou para os quatro cantos. Não sabia para onde ir. Ou ia para a casa de Thiago, transar com ele como prometido, ou para a casa de Alessandra, transar com ela conforme prometido. Ou para a casa de Juliano, formalizar o seu namoro, ou para casa de Luciano, seu ficante-amigo-companheiro de todas horas, jogar videogame.
Felipe foi a último a sair. Andou calmante até seu carro. Pensou em ir para casa mas pensou em assediar algumas garotas na rua. Apenas mexer, porque seu negócio eram garotos, jovens, cheios de estilo e músculos. Foi encontrar Cacá em sua casa, vestido com a bermuda jeans, a camiseta de gola em V e um tênis de skate branco velho que tanto o excitava. Sua língua começou por ele. Logo, já estavam brincando de marido e mulher.
A noite passou. Leiliane se vestiu e voltou para casa. Conrado foi lavar a boca com sabão. Paula foi na casa de Luciano jogar videogame e Felipe acordou abraçado com um pé do tênis de Cacá.
O relógio tocou. Vestiram-se com suas normalidades. Foram para sua rotina. A sensação de culpa foi junta. O tempo escasso para refletir deixou-a guardada para depois.
E à noite, no mesmo bar, os amigos se reencontraram.
Leiliane: Vi uma biscate no caminho de casa! Vagabunda! Como mulher se presta à um papel daquele?
Conrado: Tenho medo desse povo doido que a gente encontra à noite.
Paula: Sou uma pessoa bem resolvida, e madura.
Felipe: Ontem peguei duas mulheres. Até acordei abraçado com um dos saltos dela. Eu não sou como esse povo moderninho que acha legal pegar homem e mulher. Eu sou macho.
E todos riram, felizes, pois a balança estava equilibrada entre a moral da sociedade e o imoral dos seus sentimentos.
- Abaixo a hipocrisia!
Com as portas trancadas para o outro lado, é fácil dizer.
Até o dia em que:
o Abaixo a hipocrisia
for
a hipocrisia
vindo
abaixo!
for
a hipocrisia
vindo
abaixo!
Danilo Moreira
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FOTO: http://julysilver.blogspot.com/2010/04/balanca.html
12 comentários:
Que bom que gostou do meu blog, Danilo! Fico realmente feliz. Bem, vim aqui rápido para tecer um comentário de agradecimento, mas depois voltarei com calma para poder ler o texto. Vamos trocar links sim. Já adicionei o seu lá no meu blogroll! Grande abraço e obrigado pela sua visita ^^
Valeu!
Danilo você disse tudo nesse texto, o pior e que as pessoas são praticamente todas assim ipócritas.
e bom p/ refletirmos. Abraço
Marcel
To tão cansado agora, mais nao poderia deixar de dizer o quanto gostei do texto muito bom pra refletirmos. um abraçoo
Marcel
Ousado o texto Danilo, ótimo como sempre. Todos nós temos uma poeira em baixo do tapete né? Talvez a escondemos mais de nós mesmos do que da sociedade... E acredito que a hipocrisia é mais crítica qdo pintamos a "sociedade" como um ente, na realidade ela começa em nós! Felipe: "Eu não sou como esse povo moderninho que acha legal pegar homem e mulher. Eu sou macho" a opressão maior vem dele mesmo... Ele nao se respeita em suas escolhas, ou condição, nem que tda a sociedade mudasse o modo de pensar... Talvez estejamos sendo um Felipe, uma Paula, um Conrado, se esconder nao é crime, mas é doído apontar o outro qdo vc é como ele...
gilSon alvess
http://gilsonalvess.blogspot.com
Excelente texto...bravo! Arrasou.
abraços
de luz e paz
o único lado que pesa é o do nosso umbigo!
Tudo fichinha, tudo pouca bosta. No dia q eles forem lobisóme, aí sim vc vai ver.
Ola Danilo, passando pra te visitar tambem!
Obrigada pelo comentario e por ter curtido o blog, podemos trocar links sim!
bjoos
Puxa, véio, você sabe como eu gosto dos seus textos, mas, nesse aqui, você se superou. Tirou as máscaras que nós - sim, nós mesmos -, muitas vezes, vestimos. A estrutura foi bem construida e as personagens foram bem escolhidas. Enfim, ótimo post!
Apareça mais vezes no "Diz"! Saudades de você por lá...
Oi, Danilo! Muito obrigado pela visita e pelo comentário ao meu blog! Volte sempre que desejar! rs
Olha, vou na linha do comentário do Marcelo: não é incrível como gostam(os?) de manter certas máscaras no dia a dia e, na primeira oportunidade, arrancá-las? Isso porque não é possível manter-se "mascarado" o tempo todo - até porque a sociedade exige, de certa maneira,que utilizemos este recurso.
Sufoca.
Neste momento, quantas pessoas não arracam suas máscaras e se jogam no que realmente querem? "Com as portas trancadas para o outro lado, é fácil dizer".
Abs! E obrigado!
Texto muito ousado, mas cheio de verdades. Adorei!
Muuuuuuuuito maneiro, adorei a forma que você conseguiu desmascarar cada personagem e fazê-los recolocarem suas máscaras perante os amigos... "Abaixo a hipocrisia!", adorei!
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