quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Nove e Meia - Parte II (final)


...No começo foi difícil aceitarem o nosso namoro.

- Sério? Mas por quê?

- Sei lá. Acho que é porque as pessoas não gostam de ver a felicidade do outros. Ou a querem ver do seu jeito...

- Sei bem o que quer dizer... O meu namoro no começo também foi tumultuado, mas não me arrependo não. Sou feliz ao lado dele, e é isso que importa.

- Quantos anos ele tem?

- Ah, vinte e dois anos, só um ano mais velha do que eu. E a sua?

- Ela tem vinte e um, dois anos mais nova do que eu...

E com o tempo, Rafaela e Marcelo foram embarcando dentro de um papo descontraído, contando de seus namorados, como eram, o que gostavam de fazer, situações engraçadas que já tinham vivido, momentos difíceis onde brotara a cumplicidade, e uma série de características que faziam parte de cada relacionamento, e cheio de coincidências, como locais que já haviam freqüentado, e até de alguns amigos em comum.

Algum tempo depois, Rafaela olhou em seu relógio. Já eram 21:42.

- É. Pelo jeito nossos pares têm outra coincidência: falta de pontualidade.

- Pois é. Até nisso. – concordou Marcelo. – Mas acho melhor eu ligar para ela e encontrá-la no caminho...

- Pensando bem... acho que vou fazer o mesmo. Vou ligar para ele.

- Aliás a gente falou deles, mas você não me disse o nome do seu namorado, não é?

- E nem você da sua.

- Pois é. Qual o nome dele?

Quando Rafaela ia responder o nome que havia pensado, eis que surgem duas pessoas atravessando a rua de lados diferentes. Um homem e uma mulher. Marcelo e Rafaela pararam de se falar por um momento. Ficaram de pé para recebê-los.

Mas, por um momento, olharam para o outro. Não, era mais uma coincidência, e esta, era a maior e mais surpreendente de todas.

- Ele é o seu namorado?

- Ela é a sua namorada?

- Sim. O nome dele é Bruno.

- Legal. E ela é a Renata. Não é linda?

- Maravilhosa.

E por fim, juntaram se os casais. Marcelo abraçou Bruno apertadamente, dando-lhe em seguida um longo beijo de língua. E, logo ao lado, Rafaela beijava sua amada, Renata, com uma doçura e vontade que só alguém com muita saudade da pessoa amada poderia sentir.

- Bem, nós já vamos indo. Renata, este é...

- Ah, Marcelo! Nem me apresentei.

- É mesmo...

- Ah, Bruno, está é a...

- Rafaela.

Ambos se apresentaram educadamente. Pronto. Agora era hora de ir. Rafaela e Renata iam para uma balada GLS, e Marcelo e Bruno iam pegar um cinema. Rafaela aproximou-se do rapaz, e disse:

- Como esse mundo é engraçado. Menti que era um namorado pensando que...

- É eu também fiz a mesma coisa, também pensando que você não ia gos... Mas enfim, preconceito bobo o nosso. Me desculpe.

- Imagina, eu é que peço desculpas. Obrigado por ter me feito companhia.

- Que é isso. Eu é que agradeço. Foi um prazer conhecer você e a sua namorada.

- Prazer foi todo nosso. – respondeu ela.

E por fim, todos se despediram, indo em seguida cada um para o seu rumo, enquanto senhoras carrancudas que passavam por ali comentavam como o mundo estava perdido, com tanta pouca vergonha por aí...

Danilo Moreira

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11 comentários:

L.J disse...

Hey, adorei o texto parabéns, abordar temas como esse é sempre difícil :) Parabéns pelo blog

Kelly Christi disse...

no fundo, os falsos moralistas, como essas pessoas carrancudas, possuem menos idade que os outros que as próprias criticam e são loucas por uma putaria...

bjitos

http://www.pequenosdeleites.blogspot.com

Inez disse...

Gostei da estória, é um assunto ainda polêmico, mas, a estória é boa.

Euzer Lopes disse...

Polêmico nada... Romântico ao extremo.
Mentirinhas para disfarçar, tem um monte de gente que faz.
Agora, teve uma passagem do texto quando a garota fala a idade da namorada, ela diz "só um ano mais velhA do que eu". Por mais que parecesse erro de digitação, duvido que tenha sido, porque esse erro ficou na minha cabeça e anteviu o final que, sim, foi surpreendente.
Mas muito, muito bonito mesmo.
Adoro romances assim. Independente de quem os viva. O importante é haver amor. Ponto (três).

Raquel Freire disse...

Nossa, adorei!!!
Não imaginei que fosse assim, mas foi ótimo.
O legal é que você mostrou como é difícil lidar com certos preconceitos. Até mesmos os gays ficam envergonhados e com medo da rejeição social que nós mesmos causamos, às vezes até sem perceber...

Parabéns!!!

Anônimo disse...

Aeeeeeee, não tem o mesmo final de todos os contos q vemos por aqui no blogspot, (clap) Parabéns, um final de diferente e principalmente falando de um assunto que nos dias de hj ainda existe preconceito!
Adorei!!!
Vou te seguir, e espero ansiosa por novos contos que me surpreendam.
Obrigada pela visita em meu blog.
Se quiser parceria, fale comigo.
BjOs^^

Hugo de Oliveira disse...

É a primeira vez que venho ao seu blog...e confesso que gostei muito viu.


Te linkei aos meus favoritos...

abraços


Hugo de Oliveira

ex-amnésico disse...

Gostei do modo como você conduziu a história, não esperava esse final; mas foi essa cena que me chamou a atenção:

enquanto senhoras carrancudas que passavam por ali comentavam como o mundo estava perdido, com tanta pouca vergonha por aí...

Como se o mundo não estivesse cheio de problemas de verdade, não é?


Abraço mnemônico.

Marcelo A. disse...

Concordo com o Euzer... Putz, que há de polêmico nisso, meu Deus!?

Agora, confesso que pensei num fim diferente. Pra mim, ia rolar uma parada entre Rafaela e Marcelo. Mas, pelo contrário, você me surpreendeu... Levou a história prum lado que eu não imaginei!

Cara, você é muito bom... Parabéns!

Marcelo
www.marcelo-antunes.blogspot.com

Bruno Silva disse...

Muita coisa boa pra ler nesse blog. Num deu tempo hoje, mas volto. Tá realmente bom!!( e só li o iniciozinho da parte 1)

Sônia disse...

Essas sacadas que você tem são incríveis! Coisas que podem acontecer no cotidiano e que muitas vezes não prestamos atenção...
Parabéns!

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