segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Miniconto - Educação Física


Era aula de Educação Física. O garoto era ruim de futebol. Outra vez a tortura. Todos escolheram a todos, menos ele. Foi colocado em um grupo aleatório. Todos torceram o nariz. Ninguém lhe passou a bola. Fim do jogo, ele desistiu. Sentou em um canto. Ficou por lá algum tempo.

O garoto abraçou os joelhos, e fechou os olhos. Queria se desintegrar dali, desaparecer. Aquele não era o seu mundo. Não era a sua cara. Ele não precisava passar por aquele exercício semanal de exclusão. Nessa hora, ele odiava, do fundo da sua alma, todos os outros.

Tomou um susto. Sentiu um vento do seu lado. O menino, que sentou ao seu lado, também estava cabisbaixo. Ficou surpreso.

- O que foi?

- Nada. É que não consegui fazer nenhum gol. Chutei seis vezes e acertei todas na trave. Fico puto quando acontece isso.

Não falou mais nada. O garoto chegou mais próximo dele. Ambos ficaram calados. Ficaram ao lado do outro, olhando para o nada.

E o garoto sentiu a mão do menino nas suas costas.

- Quer saber? Vamos jogar volei? Vou pegar uma bola pra gente.

Ele sorriu. O ódio que sentia por todos, evaporou.

Nada como uma boa companhia.

Danilo Moreira

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FOTO: http://noticias.r7.com/saude/noticias/crianca-dislexica-tem-mais-chance-de-ter-depressao-20110810.html

4 comentários:

Gilson Alves disse...

E porque temos todos que jogar futebol? E porque temos todos que ouvir o som da moda ou vestir o que está em alta??? "Ele não precisava passar por aquele exercício semanal de exclusão." Descobrimos isso depois... que nao precisamos passar por isso e que sem duvida encontraremos nossa turma, mesmo que seja um único amigo a "nossa turma". Como diz um amigo meu: "- Quem passa com sanidade pela escola, passa por qualquer coisa na vida" hehe
Sempre bons textos amigo, abraço

Gilson Alves
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gilsonalvess.blogspot.com

Marcelo A. disse...

FOFO, foi a primeira coisa que me ocorreu, quando li o texto. Depois, me vieram outras coisas à cabeça. Quem não se adequa ao perfil da maioria, geralmente, se sente excluído e isso é péssimo - bom, não deveria ser, né? -, principalmennte, numa idade onde o que importa é ser igual a todos. Imagina o "alento" do moleque aí quando apareceu o colega propondo uma outra brincadeira? Parece um texto despretensioso, mas tá repleto de mensagens bacanas. Supercurti. :)

Sônia disse...

Gosto demais de histórias que me fazem lembrar de outras histórias. Com certeza, essa foi uma delas. Acho que todo mundo já passou por algum problema na infância que superou na idade adulta, mas vale a pena relembrar. Ótimo texto, como sempre!

Cleyton Cabral disse...

Oi Danilo, boa tarde. Que bom que vc curtiu o Romance+Café. Bem-vindo ao Cleytudo. abs

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