segunda-feira, 28 de julho de 2014

NEEEEEEM te conto: Manual da Bisca estreia nova temporada em SP


Olá! O Ponto Três volta com uma dica cultural interessante para você que adora teatro e está a fim de rir. 
Depois de quase dois anos afastado do teatro, um tipo de arte da qual sou apaixonado, tive a honra na quinta-feira passada (22/7) de assistir à estreia de “Manual da Bisca”, comédia que iniciou nova temporada no teatro Maria Della Costa, em São Paulo. A peça é produzida pela Cia dos Tantos, grupo de teatro que integra os atores Janaína Maranhão, Thiago Tavares e Guy Davllis (que também dirige a atração). 

A história fala sobre tudo aquilo que toda mulher gostaria de ser, mesmo às escondidas. Janaína retrata de forma bem humorada diversos tipos de mulheres que são determinadas, que sabem o que querem e não sentem vergonha dos desejos, das ambições e do corpo nem sempre nos padrões determinados pela sociedade, e tudo isso sem perder a feminilidade e vivendo os dilemas do mundo moderno. O termo “bisca” é usado para designar a personalidade decidida destas meninas. 

Janaína e suas 14 “biscas” abusam de caras e bocas, brincam com a voz (NEEEEEEEEEEEEEEM), com corpo e interagem com outros atores e o público de forma descontraída e engraçada, chegando até mesmo a mexerem com o constrangimento masculino, ainda comum nos dias atuais, quando a mulher toma a iniciativa de “chegar junto”. Thiago e Guy encenam diversos tipos de homens – de um típico jovem da Geração Z ao marido desleixado – que lidam com estas “biscas” em situações comuns mas que de tão cotidianas acabam arrancando risos de quem assiste. 

O humor é escancarado, com piadas para quem tem a mente aberta, chega até mesmo a lembrar o estilo inconfundível de Dercy Gonçalves (1907-2008). Guy e Thiago também encantam com seus variados personagens. Uma das personagens de Guy, um típico rastafári descolado e desajeitado, arranca muitas gargalhadas da plateia. O “boy bombado” da balada, interpretado por Thiago e suas cantadas “estonteantes” também mostram o quanto a postura de macho-alfa-caçador às vezes pode ser patética. Mas não importa, se a mulher estiver a fim de se divertir com ele, ela deve curtir o momento e pronto.  

Manual da Bisca é uma lição bem humorada dentro de uma sociedade ainda tão machista. Todos rimos porque reconhecemos aquelas situações. Sabemos o quanto aquilo acontece, e ao vermos uma mulher brilhar daquela forma, se auto afirmando dentro de seus dilemas e problemas e se divertindo sem medo, abrimos um sorriso, no fundo, torcendo para que mais “biscas” como ela assumam as rédeas de sua vida e se importem menos com a opinião alheia.  

A peça é baseada no livro homônimo de Thiago. O grupo já apresentou outras peças como "Chapeuzinho Vermelho... Pela Estrada A Fora", “A Cigarra e a Formiga”, "A Galinha dos Ovos de Ouro" e "Ad Perpetuam...Depois do último tiro”, entre outros trabalhos. Para conhecer a página do grupo no Facebook, clique aqui.   

Manual da Bisca está em cartaz às quintas-feiras, às 21h, no teatro Maria Della Costa, na rua Paim, 72, na Bela Vista, em São Paulo. Os ingressos custam R$40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia). NEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEM pense em perder esta oportunidade de rir e se divertir muito! 

Danilo Moreira

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Foto: Manual da Bisca (Facebook)/Divulgação

quarta-feira, 9 de julho de 2014

O soco


Nada como levar um grande soco, daqueles que fazem você cair com a boca no concreto. Foi essa a sensação generalizada após o jogo de ontem (8/7), em que a seleção brasileira perdeu de 7 a 1 para a Alemanha. E, dessa forma, chega ao fim a anestesia e o sonho de ser o campeão da chamada “Copa das Copas”.

Há dois meses, o assunto Copa do Mundo no Brasil era tratado com extremo pessimismo, em meio a greves e protestos em diversas regiões do País. Muitos estufavam o peito e diziam que iam torcer contra a seleção, ou que no máximo não sentiam ânimo para acompanhar os jogos. Eu mesmo brincava que caso o Brasil fosse eliminado, era bem provável que as pessoas sairiam às ruas para comemorar.

E então, começou a competição e vimos aquele país acinzentado por um pessimismo quase paranoico (que confesso, também fiz parte) se colorir de verde e amarelo, ansioso para curtir os feriados ou sair mais cedo do trabalho para assistir aos jogos, conhecer os gringos e fazer aquela bagunça com os amigos e a família, e é claro, torcer pela seleção. Diferente de alguns meses antes, ser a favor do time agora não era mais uma “heresia”, mas sim uma atitude patriota. E então, muitos foram para rua (quando não conseguiam entrar nos bares lotados), desta vez para curtir o jogo.

E agora, depois da derrota de ontem, não se fala em outra coisa. Fazem piadas, no melhor estilo brasileiro de rir das próprias tragédias (assim como eu via as pessoas fazerem ao se espremerem nas escadas do Terminal Grajaú, horas antes dos jogos do Brasil), procuram-se culpados, renasce o tal espírito revolucionário da moda, e alguns que torceram contra vomitam frases como “humilhação mesmo é o que o povo sofre todo dia, sem saúde e educação...”. Às vezes acho que existem muitas pessoas bipolares no Brasil, inclusive a própria grande imprensa, que ovaciona a seleção em um dia, e no outro, a nocauteia, com frases de impacto e adjetivos que mais lembram uma novela mexicana.

Não tenho vergonha em dizer que torci pela seleção, mesmo criticando os gastos excessivos da Copa. Não vejo sentido em descontar neles algo que envolve pessoas que estão em um nível bem superior. Estes são os verdadeiros alvos. Os jogadores estão fazendo o seu trabalho. É a mesma lógica de quem acredita que agredir um jornalista da Globo vai atingir a manipulação da mídia.

A seleção teve um péssimo desempenho neste último jogo e sofrerá as consequências disso por anos. Já quem apenas foi um espectador sofrerá apenas com o momento, mas será passageiro. Voltaremos às nossas rotinas normais, aos mesmos problemas sociais de todos os anos, e assim a vida seguirá. É por isso que o jornalista Leonardo Sakamoto afirma em seu blog que não devemos ficar tristes por muito tempo. Estamos de ressaca de um evento que, graças à mídia, foi tratado como algo gigantesco, de suma importância, e que de uma hora para outra despedaçou-se em piadas, ofensas e frustração. É apenas futebol. A moral de um país vai muito além de um evento esportivo.

Perdemos a Copa, mas tenho certeza que para muitas pessoas, assim como eu, o evento trouxe experiências inesquecíveis: ver os jogos com os amigos, as situações engraçadas e inusitadas, torcer, vibrar e se emocionar com gente que você nunca viu na vida e ter contato com pessoas de outras culturas e nacionalidades. Quem vivenciou tudo isso, certamente terá histórias para contar e independentemente se a seleção ganhou ou não, serão essas esses momentos especiais que carregarão para o resto da vida.

É o fim de um ciclo que com protestos ou não, aconteceu. E ponto. O fato é que com título ou não, continuamos a ser o mesmo país e com os mesmos problemas. O importante é que quem quis se divertir, se divertiu. Quem não quis, está se divertindo agora vendo a decepção dos outros. Mas, logo, todos voltarão definitivamente às suas rotinas normais.

Danilo Moreira

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