domingo, 24 de abril de 2011

Reportagem - Esses anos 80...

1- Conhece este cidadão?

Olá leitores do Ponto Três!

Hoje irei postar um texto especial. Essa é a minha primeira reportagem, produzida no começo deste mês para um trabalho da faculdade. Poderia ter postado há mais tempo, porém, não tive como. Ela fala de uma exposição que aconteceu entre os dias 18 de março e 10 deste mês num shopping da zona sul de São Paulo. Apesar dessa expo já ter acabado, recomendo a todos que leiam essa matéria, pois, garanto que há muitas curiosidades.

Espero que gostem!

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Um espaço espremido entre dois restaurantes. Um cartaz chama a atenção. Ali é um local especial. É a porta de entrada para um mundo diferente. Tudo que está ali, de certa forma, já fez parte de várias vidas, mesmo que de uma maneira mais distante. Mas quem disse que tudo aquilo que nos faz bem, necessariamente, precisa ficar apenas preso em outros tempos?

2 - A entrada 

Trazer esses bens à tona é a ideia da exposição De volta aos anos 80 no Shopping SP Market, na zona sul de São Paulo. Passar pelos mais de 60 itens deixa qualquer pessoa, seja da geração dos anos 80 ou não, maravilhada e curiosa diante de tantas lembranças e objetos.

A estrutura

3 - A exposição: espaço para circular à vontade

A exposição fica no centro da Praça de Eventos do shopping. Ao fundo, um telão com os principais clipes da época. As bicicletas Monark e Caloi estão em cantos separados com especial destaque, junto com uma bicicleta especial com o ET, personagem do famoso filme de 1982, de Steven Spielberg. Estão à mostra também antigos videogames, como o famoso Atari, junto com cartuchos de sucesso como River Raid, Pac Man, Froggy, entre outros. Os brinquedos, na sua maioria, estão dentro de caixas de vidro. São bonecos, desde Topo Gigio a Mônica e Cebolinha, estes com os antigos traços que faziam parte dos gibis da época. Artigos eletrônicos como fitas cassete e gravadores também causam admiração em quem os observa. “Eu tinha um desse!”, comenta Luana Brito, enfermeira, 23 anos, visitante da exposição, impressionada com o walkman amarelo com toca fitas. Dentre os chamados “bolachões” (discos de vinil), bandas importantes da época como Pet Shop Boys, Culture Club, New Order, Menudo, e bandas nacionais ainda no início de carreira, como RPM, Capital Inicial e Titãs. Há também uma guitarra autografada por Edgard Scandurra (ex-Ira!). Essas e outras atrações estão dispostas em corredores amplos para que as pessoas possam se deslocar e viajar sem precisar esbarrar em ninguém.

Luana comentou sobre o padrão de conservação dos itens. “O que mais chamou atenção foi a conservação de tudo, pois são coisas que já saíram de moda, e por isso, dificilmente as pessoas cuidam depois.”

Preservação da memória: a Lupa Expo

4 - Lu Zimmermann e Patricia de Alencar.

Foi graças ao trabalho da Lupa Expo, administrada por Lu Tanese Zimmermann e Patrícia de Alencar, que foi possível montar a exposição no shopping. A empresa é especializada em pesquisa e restauração de objetos antigos, que depois são disponibilizados para locação e exposição.

“Os objetos são fornecidos por pessoas que conhecem o trabalho do grupo e que nos contatam para mandar essas antiguidades. Eles recebem restauração e passam a fazer parte das exposições.”, contou Patrícia, que é também web designer e coodenadora de eventos da empresa.

A Lupa possui diversas atrações espalhadas em vários locais principalmente em São Paulo e também faz locações de objetos para cinema, televisão, teatro, agências e produtoras. Tudo ao redor da seguinte filosofia: “transmitir por meio dessas antiguidades valores que parecem estar se perdendo com a velocidade da substituição das tecnologias. Um brinquedo, por exemplo, passava por gerações, possuía uma estrutura que já era fabricada justamente para isso. Dos anos 90 para cá, tudo já é mais descartável.”, explica Patrícia.

O fascínio pelos anos 80

5 - Genius, famoso eletrônico dos anos 80

O visitante que passa por ali já tem um sentimento de reencontro com o próprio passado. Os olhos brilham. O sorriso vem de modo automático, acompanhado da sensação de espanto, já que ele tem a oportunidade de poder rever brinquedos, LP’s e outros objetos antes tão comuns, mas que se perderam com o tempo.

Segundo Patrícia, os anos 80 marcaram por ser uma década de muitas novidades tecnológicas e culturais. Houve também inovações na moda, principalmente com muita cor. Foi uma época em que o sentimento e a consciência política experimentaram uma nova fase de aquecimento, com o fim da ditadura militar e a restauração do regime democrático. Os brinquedos produzidos nessa época e até em épocas anteriores eram passados entre gerações.

6 - Fofoletes

É certo que falar dos anos 1980 para quem tem na faixa dos 25-40 anos e invocar uma série de lembranças, eternizadas por vários personagens, brinquedos, programas e discos. A exposição é inteligente ao abranger vários estilos e várias idades, já que, enquanto crianças brincavam de Atari, jogavam bola com Kichute, ouviam discos da Xuxa e assistiam novelas infantis como a mexicana Chispita, os jovens soltavam um urro abafado pelos anos da ditadura militar, através de bandas como Ira!, Legião Urbana, entre outras. Lá fora, Queen, A-há, Michael Jackson e outras bandas faziam história. O Rock in Rio 85 foi um marco na história brasileira. Patrícia afirma que não havia nada parecido no país. “Show de banda internacional no Brasil era quase que impensável. Aí veio o Rock In Rio e mudou isso. Poder ver pessoalmente aquelas bandas que sempre curtimos pela televisão foi uma sensação única”.

Muito se fala sobre a volta dos anos 80 como uma forma de contestar a revolução tecnológica cada vez mais acentuada nos nossos dias e que faz até mesmo jovens que não presenciaram o fervor cultural dos anos 80 se fascinarem ao ver a exposição. Luana, que era pequena na época, não pensa duas vezes quando se refere à década: “Eles [os anos 80] sempre estiveram presentes. Sempre algo daquela época é utilizado na moda, no cabelo, em acessórios como colares, saia de cintura fina, tudo isso está voltando. Hoje tudo é cópia.”

7 - Alguns LPs de bandas da época, como A-ha e New Order.

Enquanto isso, crianças observavam curiosas aqueles brinquedos com design tão consistente e que carregam muita história. Patrícia acredita que muito do que vemos hoje em termos de design de produtos tem origem nos anos 80. “Tem um menino que foi a exposição e observou um antigo minigame. Logo se identificou com o design, dizendo que parecia com um celular. Essa nova geração se identifica muito com o formato desses brinquedos.”

De volta aos anos 80 é um excelente entretenimento para toda a família, pois é uma forma dos pais passarem aos filhos um legado cultural marcante de toda uma geração, e que até hoje ainda é referência nos diversos campos artísticos e influencia aqueles que cresceram em anos posteriores.

8 - Luana Brito: paixão declarada pelos anos 80.

* A exposição infelizmente já terminou, mas, recomendo visitar o site da Lupa Expo e conhecer mais sobre esse trabalho bacana de preservação e locação de antiguidades. O endereço é o http://www.lupaexpo.com.br/ .

Uma boa Páscoa a todos!

Danilo Moreira

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FOTOS: 1, 5 e 6 - Lupa Expo (divulgação)
               2, 3, 7 e 8 - Danilo Moreira
               4 - foto extraída do site da Lupa Expo

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Uma Virada diferente

Pessoas curtem a Banda Paralela

Para quem mora ou está em São Paulo, a Virada Cultural paulistana já virou praticamente uma tradição. Para quem não sabe, é um grande evento que reúne diversas manifestações culturais por toda a cidade, especialmente no Centro, que atravessam 24h de um fim de semana a cada ano.

Mas, quando um individuo ouve falar em Virada, já imagina aqueles palcos enormes em vários pontos do Centro, tendo como principal atração os shows, muita muvuca, e outras coisas que não são o foco deste post. Mas, quando vejo notícias sobre este evento, sinto os holofotes da mídia direcionados até demais nessa região. É como se esquecessem por um momento que ela acontece em outros pontos da cidade. Fui na Virada em 2009 e 2010, ambas no Centro, em shows memoráveis. A de 2010, especialmente, foi a que vivi as situações mais inusitadas, além de ter pegado os horários e palcos de maior público.

Já neste ano, foi completamente diferente. Na edição 2011 eu tinha uma missão: fazer uma reportagem para um trabalho da faculdade. Confesso que pela primeira vez não senti entusiasmo ao ver as atrações em geral. As do Sesc então, nunca tinha parado antes para vê-las em detalhes. E tinha muitas coisas interessantes, e curiosas.

Obviamente, por ser mais perto de casa, escolhi o Interlagos. Nem me sentia tão animado para ir, mas, tinha que fazer esse trabalho. E pela primeira vez, ia sozinho. Cheguei lá por volta das 19h, e me surpreendi com o movimento e com as atrações. Enquanto de um lado, acontecia o show “Mágico por Acaso”, onde bonecos manipulados curiosamente faziam as mágicas, do outro, a dupla "Olam Ein Sof " tocava músicas da cultura celta em meio a um cenário de velas. Mais acima, o Sarau Cantos & Encontros tocava cantigas e contava histórias para uma roda de pessoas. Mais tarde, outra roda de curiosos curtia a “Banda Paralela” com suas roupas de soldadinho de chumbo. Chegaram a tocar “Dancing Days” de As Frenéticas, fazendo o público cantar alto e pirar nas palmas. Depois, “Solas de Vento”, um espetáculo na fachada do prédio da sede, onde bailarinos faziam performances acrobáticas com vários tipos de músicas ao fundo. Falando em música, perto da piscina, havia um palco montado para os shows que aconteceram por lá, com destaque para Zeca Baleiro, na qual infelizmente não pude acompanhar. E por fim, o recorte que havia escolhido para fazer a reportagem: a “Trilha das Artes”. Resumidamente, imagine um grupo de pessoas passeando pelas obras do Sesc, ao som de uma sanfona e de um rapaz que conseguiu despertar em todos os presentes – homens, mulheres, crianças e jovens – um olhar estético e que proporcionou ótimos momentos de “brisa”. Futuramente postarei esse trabalho, com detalhes sobre essa experiência incrível e única.

Mas, o que ficou dessa visita ao Sesc Interlagos foi uma sensação maravilhosa. Tive a impressão de estar naquelas festinhas de interior, onde as famílias passeiam em meio a várias atrações simultâneas, que têm como veia principal artistas muito criativos e que sabem que aquela noite é deles. E o público precisa fazer parte de toda aquela festa, sem exageros, apenas com a disposição de embarcar em tantas viagens. Sai de lá com a sensação de dever cumprido, um sorriso no rosto, fotografias, vídeos, e com a alma mais leve, afinal, nunca imaginei que numa Virada Cultural conseguiria se divertir com tamanha simplicidade.

Valeu a pena!

Sarau Cantos & Encontros

Tenha uma ótima semana!

Danilo Moreira

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FOTOS: Danilo Moreira (acervo pessoal)
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